Bernardo Carvalho
Bernardo Teixeira de Carvalho (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Romancista, contista, jornalista e tradutor. Dono de uma prosa concisa, Bernardo Carvalho destaca-se no panorama da literatura brasileira pelo caráter contemporâneo de seus romances, dotados de narrativa fragmentada, discurso polifônico e personagens deslocados, em buscas inexoravelmente destinadas ao fracasso.
Formado em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), em 1983, Bernardo Carvalho radica-se na cidade de São Paulo e, a partir de 1986, começa a trabalhar no jornal Folha de S. Paulo. Com dissertação a respeito da obra do diretor alemão Wim Wenders (1945), obtém grau de mestre em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1993.
No mesmo ano, lança a coletânea de contos Aberração, que marca sua estreia na literatura. Nesse livro, estão presentes temas e formas que se consolidam nas obras seguintes, como o tema do desaparecimento e a utilização da narrativa epistolar (em "A Música"), e a preferência dada a personagens desajustados, como no conto "O Olho no Vento".
No entanto, é por meio do romance que Bernardo Carvalho se destaca. Sua primeira obra no gênero, Onze, é de 1995. Em trabalhos consecutivos, como Os Bêbados e os Sonâmbulos (1996) e Mongólia (2003), tem continuidade a construção de personagens que constantemente se deparam com figuras marcadas pelo desaparecimento, sob circunstâncias misteriosas.
Nove Noites (2002), um dos romances de maior êxito do autor, é composto de narrativas que misturam registros de cartas, páginas e anotações de diário e algumas reproduções fotográficas. Na obra, o narrador-protagonista empreende uma busca fracassada por personagens desaparecidos. As variações estilísticas distinguem a voz de personagens, obscuros e vacilantes, e a do narrador, expondo-lhe a perspectiva estilhaçada sobre as histórias que tenta recompor.
Ainda na Folha de S. Paulo, exerce função de correspondente internacional, em Paris e Nova York, diretor do suplemento de ensaios “Folhetim” e colunista fixo do caderno de cultura “Ilustrada”, bem como a de crítico literário e tradutor. Em 2017, seu romance Simpatia pelo Demônio (2016) recebe o Prêmio Oceanos de literatura em língua portuguesa. A obra de Bernardo Carvalho descreve a relação do sujeito contemporâneo (descentrado, perdido) com aquilo que lhe é familiar e suas figuras de alteridade, utilizando-se de uma narrativa fragmentada e variações de estilo em sua escrita.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. Texto adaptado.