Gregório de Matos Guerra nasceu em 23 de dezembro de 1636, na cidade de Salvador. Terceiro filho de um fidalgo português senhor de canavial e dono de escravos, formou-se em Humanidades no Colégio dos Jesuítas da Bahia e mudou-se para Portugal a fim de se formar bacharel em direito pela Universidade de Coimbra. Em terras lusitanas, casou-se e ocupou uma série de cargos, até que, viúvo, retornou ao Brasil, onde, em atritos com a Igreja Católica, chegou até mesmo a ser deportado. Faleceu em Recife, em 1693. Desbocado, provocador, crítico dos vícios e dos corruptos e dono de uma inteligência absurda, sua carreira literária aconteceu nos entremeios de sua história e legou-lhe o apelido pelo qual é mais conhecido: Boca do Inferno.

 

Gregório de Matos não publicou nada em vida. Portanto, não há certeza quanto à autoria das obras atribuídas a ele. No livro Poemas Escolhidos, José Miguel Wisnik seleciona textos do autor, expressão brasileira da estética barroca, partindo da comparação de antologias do período e dividindo-o em três partes: poesia de circunstância (satírica e encomiástica), poesia amorosa (lírica e erótico-irônica) e poesia religiosa.